Fábrica de Sonhos

Entenda por que existe A Usurpadora em versão série

Projeto milionário, marca de uma nova era na TV mexicana, será exibida pelo SBT

Publicado em 17/09/2021

O ano era 2018 quando o colombiano Patricio Wills, um dos mais poderosos executivos de televisão na América Latina, passou a chefiar a área de Produção de Conteúdo da Televisa, emissora líder no México. Isso ocorreu pouco tempo após ele ser alçado ao cago de head do canal. Sua presença foi, em pouco tempo, determinante para que tudo mudasse radicalmente em termos de produção e qualidade.

Wills, também fundador da W Studios, uniu sua empresa à Televisa e passou a produzir, de imediato, obras modernizadas e com equipamentos de ponta, deixando para trás as chamadas “novelas-rosa”. O gênero melodramático, extremamente açucarado, existente há 70 anos e que firmou a imagem da emissora a nível global foi sumindo da grade de programação.

Entre 2017 e 2018 o todo poderoso já havia “testado” a aceitação do público com La Bella y las Bestias (A Bela e as Feras) e La Piloto (A Piloto), obras com ares de superprodução, com elenco diferenciado, aposta em novos roteiristas e produtores vindos de trabalhos consagrados fora da Televisa.

A audácia de Wills em querer transformar a imagem da Televisa para o mundo ganhou resistências improváveis e quebrou importantes alianças, como a de Rosy Ocampo, que além de produtora executiva de novelas também era vice-Presidente de Conteúdo (até então). O caso foi encoberto e seu desligamento da emissora foi atribuída a um problema de saúde. Mas não convenceu!

A presença de Patricio Wills e sua intervenções em toda e qualquer produção ainda causou uma debandada geral de atores e renomados produtores como Emilio Larrosa e Nathalie Lartilleux, sendo esta última a saída mais polêmica de todas.

Lartilleux bateu a porta da Televisa e saiu gritado para os quatro ventos que não estava de acordo com as mudanças e que considera que elas afetaram negativamente o trabalho nas produções.

Para mim, as séries não são uma evolução porque sempre existiram, estávamos habituados ao Jorge Eduardo Murguía [ex-Presidente de Conteúdo], acho que ele é um homem que conhecia perfeitamente os romances, que nos apoiou e que continua a apoiar-nos nestes produtos“, disse ela na coletiva de imprensa de El Vuelo de la Victória (2017), sua última novela na emissora antes do desligamento.

Mas Patricio não se intimidou nem mesmo diante das especulações sobre sua demissão da emissora após alguns fracassos. Cercado por notícias negativas, antes mesmo de uma possível demissão, o que nada mais eram que um complô contra ele, o todo poderoso deu a sua maior cartada de todas – o Fabrica de Sonhos.

O projeto reviverá 12 grandes clássicos da história da Televisa, em versões de 25 episódios cada um deles. O objetivo? Além de modernizar o conteúdo da emissora usando mais tecnologia e torná-lo compatível com as novas plataformas digitais, Patricio quer reverenciar os grandes profissionais, os convocando para assumir a produção dessas histórias a fim também de aproximar os melodramas de sucesso da Televisa das novas gerações.

A Usurpadora foi a primeira história escolhida por Patricio Wills para a nova fase de produções da Televisa. O clássico da novelista cubana Inés Rodena, trata-se de uma releitura da versão de 1998, que projetou Gabriela Spanic no mundo, embora a história tivesse sido criada e produzida originalmente em 1971, pela RCTV, na Colômbia.

Wills, poucos sabem, é amigo pessoal de Gaby Spanic. Ele, aliás, foi quem a levou para a Telemundo para protagonizar uma sequência de novelas após sua explosão no México. Spanic, em conversa com este colunista, revelou ter recebido convite para uma participação no reboot de A Usurpadora, mas declinou, pois acredita que a obra não merecia ter sido tocada. “Não haverá outra. É a novela mais vendida, a mais reprisada no mundo“, disse ela na entrevista exclusiva ao Observatório da TV, em 2018.

E foi somente neste ano de 2021 que Spanic e Wills voltaram a se entender após algumas declarações polêmicas da atriz sobre a releitura da trama das gemas Paola e Paulina. A veterana da atuação foi convidada por ele por Carlos Bardassano, produtor de novelas e presidente da W Studios, para atuar em Si Nos Dejan, novela de Leonardo Padrón em exibição nos Estados Unidos pela Univisión e recém-adquirida pelo SBT.

Nos meses seguintes, outros títulos anunciados pelo projeto Fábrica de Sonhos, as novelas Rubi e Cuna de Lobos também saíram do papel e viraram série. A próxima será Os Ricos Também Choram, a primeira novela mexicana exibida no Brasil, em 1982, pelo próprio SBT, e que em 2005 ganhou uma versão brasileira.

Colorina (1980), O Malefício (1984), Quinceañera (1987), A Mentira (1998), O Privilégio de Amar (1999), A Madrasta (2005) e Corona de Lágrimas (2012) são outras novelas prometidas. É aguardar!

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