Crítica

Sucesso do último Quem Quer Ser um Milionário? indica um caminho para Luciano Huck

O quiz show ganhou mais agilidade e emoção em seu desfecho

Publicado em 27/12/2021

Desde que estreou aos domingos, Luciano Huck tem sofrido com muitas críticas do público e dos especialistas. Seu Domingão com Huck vem sendo apontado como fraco, com atrações tristes e sem grande apelo. Até mesmo o quadro Quem Quer Ser um Milionário?, que funcionava aos sábados, pareceu mais arrastado aos domingos.

Mas, neste domingo (26), o quiz show encerrou a temporada com um programa verdadeiramente envolvente. O apresentador recebeu o professor Rafael Cunha, que obteve uma excelente performance ao longo do game e chegou à famigerada “pergunta do milhão”. Luciano Huck, desde que passou a comandar o quadro, sempre avisava sua audiência que não pararia com o Quem Quer ser um Milionário? sem fazer a última pergunta. Será que isso significa o fim definitivo do quadro?

Rafael, o participante, não sabia a última resposta e preferiu não arriscar, garantindo o prêmio de R$ 500 mil. Mesmo assim, sua participação mexeu com o espectador do Domingão com Huck, e Quem Quer Ser um Milionário? alcançou boa audiência e ótima repercussão nas redes. O bom resultado serve como indicativo do que espera o público do horário e deve ser analisado com atenção pela equipe do dominical.

Este final de temporada de Quem Quer Ser um Milionário? foi um programa diferente do habitual. Normalmente, Luciano Huck recebe personagens com grandes histórias e pretensões “nobres” para o prêmio a ser conquistado no jogo. Não faltam pessoas envolvidas com o terceiro setor desejando aplicar a verba em seus projetos, ou artistas em busca de profissionalização.

E Luciano Huck explora as histórias dos participantes à exaustão. A cada bloco de perguntas, ele enche o convidado de perguntas, e adora usar as “histórias edificantes” para elaborar discursos sobre a importância da educação, do terceiro setor, da cultura, enfim. Mesmo que não seja um candidato efetivamente, a postura política de Huck fica evidente neste quadro.

Não há como negar que Luciano Huck conta boas histórias por meio de seus games. Ainda assim, muitas vezes, estas histórias atravancam o desenvolvimento do jogo. A tensão que aumenta a cada pergunta se perde, e o programa fica arrastado. O quadro é bom, mas perde um pouco a mão com este festival de boas intenções.

Já neste último episódio, isso não aconteceu. Rafael é professor, e isso serviu para que Luciano, mais uma vez, exaltasse a importância dos profissionais de educação. Mas o discurso foi muito mais breve que o habitual. Até a pretensão de Rafael foi mais “gente como a gente”: ele desejava o prêmio para quitar o financiamento do imóvel em que vive com a esposa. Não é difícil se identificar com ele.

Assim, o programa foi muito focado no jogo em si, tornando tudo mais ágil, divertido e emocionante. A maneira quase sempre segura de Rafael ao responder às questões, somada às reações divertidas de Huck fizeram do Quem Quer Ser um Milionário? um divertido programa de domingo.

A boa repercussão se deve a isso. O público do Domingão com Huck espera mais diversão e menos “blá blá blá” no programa. E o final de Quem Quer Ser um Milionário? entregou isso. Foi divertido. Ponto.

Fica a lição para a temporada 2022 do Domingão com Huck. O programa precisa perder a ânsia de querer, sempre, enfiar uma “lição de moral” em tudo e se entregar mais ao entretenimento. É o que sempre funcionou no horário.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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