Comentário

Saudosistas comemoram América no Globoplay, mas trama teve seus problemas

A trama teve uma trajetória irregular

Publicado em 14/02/2022

América, novela de Gloria Perez exibida em 2005, tem muitos fãs saudosos. Os entusiastas da saga de Sol (Deborah Secco) e Tião (Murilo Benício) sempre torceram por um retorno da obra no Vale a Pena Ver de Novo, o que não aconteceu. Mas, para a alegria destes fãs, a trama deve entrar em breve no catálogo do Globoplay, oportunizando a chance de rever esta novela.

No entanto, apesar de América ter muitos fãs, a verdade é que a novela teve vários problemas ao longo de sua trajetória. A audiência nunca foi ruim, é verdade, mas a novela enfrentou críticas, e a própria Gloria Perez tornou público seu descontentamento. A autora alegou que concebeu uma novela esperançosa, com uma heroína solar, mas se viu diante de um dramalhão e uma mocinha chorosa.

Por conta do descompasso entre texto e direção, o diretor de núcleo Jayme Monjardim foi afastado, e Marcos Schechtman, que já integrava o time de diretores, assumiu o comando de vez. A novela, então, ganhou outro tom, mais solar. Até a abertura mudou: saiu Órfãos do Paraíso, de Milton Nascimento, e entrou Soy Loco por ti América, com Ivete Sangalo.

Porém, a direção equivocada não foi o único problema de América. No ar, o casal principal, Sol e Tião, não funcionou tão bem, e a autora optou por separá-los. Com isso, os dois ganharam novos pretendentes. Mas isso não condizia com a proposta inicial, que colocava Sol e Tião como almas gêmeas. Sempre se falava a novela que o encontro deles servia a um propósito. Mas o único “propósito” foi Tião fazer o parto de Sol, quando ela esperava um filho de Ed (Caco Ciocler)…

Além disso, a novela estabelecia uma relação estranhíssima entre Tião e o Boi Bandido. O peão passava horas olhando para o animal, que era considerado indomável. A constante troca de olhares denunciava um dos temas que a autora queria tratar: a experiência de “quase morte”.

Desde o início da novela, sabia-se que Tião sofreria um acidente ao montar em Bandido e iria para o “outro lado”. Mas isso só aconteceu na última semana da novela. Ou seja, foram longos meses vendo Tião e Bandido trocando olhares. A trama também teve vários personagens “esquecidos no churrasco”: alguns mal apareciam, e outros nem mesmo apareceram. Carlos Casagrande, por exemplo, foi creditado na abertura, mas não deu as caras na trama.

Sim, novela é uma obra aberta (menos em tempo de pandemia), e Gloria Perez foi habilidosa ao mudar os rumos de América para que a novela andasse. No entanto, os remendos acabaram deixando a novela um tanto irregular. A volta da trama no Globoplay deve mostrar aos fãs saudosos que América não é bem tudo isso.

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