Crítica

Record TV “reinventa” reprise com estreia de A Bíblia

Emissora perde a chance de estrear nova novela e aproveitar boa fase

Publicado em 23/11/2021

A falta de planejamento e organização ainda é o principal empecilho para que a teledramaturgia da Record TV decole de vez. A emissora acertou em cheio com Gênesis, trama que devolveu o sucesso às novelas bíblicas do canal, que andavam em baixa. Mas errou feio ao não aproveitar a boa fase para emplacar uma sucessora inédita.

A Bíblia é a “trama” que entra na vaga de Gênesis. Apesar do novo nome, a nova atração nada mais é que um repeteco amarrado da própria Gênesis, junto com Os Dez Mandamentos e A Terra Prometida. A ideia da emissora é promover uma reprise cronológica das tramas bíblicas inspiradas no Velho Testamento para preparar o terreno para Reis, essa sim inédita e que deve estrear em 2022.

Ou seja, com A Bíblia, a Record TV está propondo uma nova maneira de se promover uma reprise. Em vez de simplesmente botar para rodar novamente suas tramas anteriores, a emissora está requentando o material com uma nova narração para transformar três novelas em uma.

Não deixa de ser uma saída interessante para tentar trazer um mínimo de “pseudonovidade” para o horário nobre do canal. No entanto, é inegável que uma novela inédita, neste contexto em que a emissora vive uma boa fase, traria um impacto muito maior. Seria a chance de manter a temperatura do horário e aproveitar o cenário favorável.

Na reta final, Gênesis apresentou excelentes índices de audiência. Ao mesmo tempo, Globo e SBT andam derrapando com Um Lugar ao Sol e Carinha de Anjo. Assim, há um ambiente propício para uma novela inédita de impacto. O que não vai acontecer. Com isso, Record abre a guarda para que Globo e SBT avancem.

Gênesis

É preciso louvar também o legado de Gênesis na teledramaturgia bíblica da Record TV. A trama sai de cena com uma importância semelhante a de Os Dez Mandamentos, que foi um inegável fenômeno em 2015.

Nestes seis anos, a emissora tentou repetir tal fenômeno, mas todas as novelas bíblicas que vieram a seguir se mostraram cansativas, já que basicamente repetiam a fórmula da saga de Moisés (Guilherme Winter). Até houve uma tentativa de se trazer algo novo com Apocalipse, mas não deu certo.

Já Gênesis trouxe esse frescor. Ao apostar numa trama grandiosa, com sete fases distintas, a emissora propôs um novo formato que se revelou acertado. Teve altos e baixos, como qualquer trama dividida em fases, mas teve mais acertos que erros.

Deu tão certo que Reis, a próxima trama inédita, também terá formato parecido. O que é um risco, já que a emissora pode cair, novamente, na repetição. Buscar novidades dentro de uma dramaturgia tão segmentada quanto a bíblica ainda é o maior desafio da emissora.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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