Crítica

Passaporte Para Liberdade resgata as ‘saudosas’ minisséries globais

A atração é uma coprodução internacional

Publicado em 21/12/2021

Entre o final da década de 1990 e boa parte da década de 2000, início de ano era sinônimo de minissérie de qualidade no ar. A Globo, naquele tempo já longínquo, não economizava na produção de minisséries, que, naquele tempo, eram “macrosséries”, costumavam ter de 30 a 50 capítulos, e que ocupavam a segunda linha de shows da emissora entre janeiro e março, tapando o buraco dos programas de grade.

Foi um período rico de superproduções, consideradas o “biscoito fino” da dramaturgia global. Chiquinha Gonzaga (1999), A Muralha (2000), Os Maias (2001), O Quinto dos Infernos (2002), A Casa das Sete Mulheres (2003), Um Só Coração (2004), Mad Maria (2005), JK (2006) e Amazônia – De Galvez a Chico Mendes (2007) representam a “nata” deste período produtivo. Produções requintadas, que abordavam importantes períodos históricos do Brasil, grande parte delas sucesso de público e crítica.

A partir de 2008, as macrosséries de início de ano deram espaço a produções mais curtas, como Queridos Amigos, Maysa – Quando Fala o Coração (2009), Dalva e Herivelto (2010), Amor em Quatro Atos (2011), Dercy de Verdade (2012), O Canto da Sereia (2013) e Amores Roubados (2014).

No entanto, aos poucos, estas produções foram perdendo espaço para filmes divididos em capítulos ou outras produções. As “superséries” acabaram por suprir parte desta ausência, mas o período das grandes minisséries da Globo havia chegado ao fim.

Por isso, a exibição de Passaporte Para Liberdade neste final de ano é uma grata surpresa dentro da programação da Globo. A nova produção, uma coprodução com a Sony, resgata todo o requinte das produções clássicas. E não se trata apenas de um apuro técnico, mas também de texto e atuações acima da média.

Mesmo o fato de a série ser exibida dublada, já que foi pensada para o mercado internacional e gravada em inglês, não se torna um problema. As “novas vozes” são facilmente assimiladas por quem assiste em poucos minutos. Além disso, a emissora ainda disponibiliza o áudio original para quem preferir. Independentemente disso, o primeiro capítulo deixou claro que se trata de uma bela produção.

A história de Aracy de Carvalho (Sophie Charlotte), brasileira que trabalhava no Consulado do Brasil na Alemanha e ajudou judeus a escaparem do nazismo. A trama, envolvente, explora como Aracy ajudava quem lhe pedia ajuda, além de abordar o início de seu romance com o escritor Guimarães Rosa (Rodrigo Lombardi), que era cônsul-adjunto em Hamburgo.

Ou seja, Passaporte Para Liberdade tem todos os ingredientes que caracterizavam as minisséries dos áureos tempos da emissora: abordagem histórica, bela reconstituição de época e a indefectível concessão ao folhetim, que torna tudo mais saboroso. Vale o ingresso.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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