Que O Clone é um novelão dos bons, não se tem dúvidas. Gloria Perez foi muito feliz ao criar uma história de amor arrebatadora, tendo como pano de fundo a dicotomia entre ciência e religião. A abordagem dos avanços da engenharia genética, seus conflitos éticos e como a religião influi na evolução da ciência é toda muito bem amarrada na saga de Jade (Giovanna Antonelli) e Lucas (Murilo Benício).
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No entanto, ao mesmo tempo em que conta boas histórias com Deusa (Adriana Lessa), Yvete (Vera Fischer), Latiffa (Letícia Sabatella), Alicinha (Cristiana Oliveira), Mel (Débora Falabella) e cia, a novela também enrola bastante ao mostrar as aventuras de Ligeiro (Eri Johnson), Raposão (Guilherme Karan), Noêmia (Elizângela) e dona Jura (Solange Couto). Boa parte do núcleo de São Cristóvão serve apenas para enrolar o público.
Na verdade, se trata de um recurso comum se considerarmos a época em que O Clone foi feita. Entre 2001 e 2002, novelas que ultrapassavam os 200 capítulos eram comuns. Para sustentar tantos episódios, os autores costumavam criar núcleos que serviam apenas para preencher o tempo e alongar a história que pretendiam contar.
E Gloria Perez foi às últimas consequências nesta necessidade de sustentar sua novela por tantos capítulos. Tanto que transformou o bar da dona Jura numa espécie de programa de auditório, onde a comerciante recebia celebridades e batia um papo com elas. Ao menos uma vez por semana, Jura recebia um convidado, que sentava à mesa para comer seus famosos pastéis.
Curiosamente, estas visitas não estão sendo deixadas de lado na reprise do Vale a Pena Ver de Novo. Sem pressa para substituir O Clone em seus finais de tarde, a direção da Globo tem feito poucos cortes na trama. Assim, ainda veremos muitos convidados especiais passando pelo simpático boteco de São Cristóvão. Né brinquedo não!
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