Crítica

Em nova fase, Além da Ilusão agrada e mostra potencial

A novela de Alessandra Poggi tem bons personagens e texto envolvente

Publicado em 26/02/2022

Dez anos separam a morte de Elisa (Larissa Manoela) e a consequente prisão de Davi (Rafael Vitti) à fuga do mágico, de volta ao cerne da família da amada. Nesta semana, Além da Ilusão recomeçou, mostrando o avanço da tecelagem de Violeta (Malu Galli) e Eugênio (Marcello Novaes), a loucura de Matias (Antonio Calloni) e uma Isadora (Larissa Manoela) crescida e a “cara da irmã” falecida.

O reinício deixou a trama de Alessandra Poggi ainda mais saborosa. A novela das seis da Globo, agora, mostra a vila operária que nasceu a partir da tecelagem e acrescenta vários personagens ao enredo, a maioria bastante promissor. Além disso, continua usando os clichês mais básicos do folhetim ao seu favor, oferecendo doses generosas de entretenimento.

Davi continua sendo o centro das atenções. O rapaz fugiu da cadeia, sofreu um acidente, trocou de identidade e, numa destas consequências adoráveis do bom folhetim, assumiu a identidade justamente do homem esperado na tecelagem. De cara, o herói, que agora se chama Rafael, reencontrou Matias que, alucinado, não o reconheceu. Apenas Augusta (Olívia Araújo) o reconheceu, tonando-se cúmplice do jovem.

Paralelamente, Além da Ilusão apresentou uma Isadora crescida e à frente de seu tempo. A “nova” mocinha da novela é uma menina interessante, pois é muito segura de si e cheia de atitude. Os dribles na vilã Úrsula (Bárbara Paz, ótima!) e as conversas cheias de ousadia com a amiga Arminda (Caroline Dallarosa) evidenciam uma heroína de muita personalidade, o que é ótimo!

Além da Ilusão também abriu espaço para a discussão do papel do negro na sociedade brasileira numa época em que os ecos da escravidão eram ainda mais evidentes. Neste contexto, chama a atenção a história de Bento (Matheus Dias), que luta para ver seu conto publicado num jornal, mas tem seu trabalho recusado quando o dono do periódico o conhece pessoalmente.

É interessante a maneira como Alessandra Poggi constrói sua história. A trama tem uma estrutura simples, mas toda muito bem arquitetada, com personagens bem construídos e carismáticos. Apesar de não reinventar a roda, a novela trabalha os elementos clássicos do gênero de uma maneira inteligente e envolvente.

O texto é tão redondo, que nem mesmo o fato de a emissora ter reduzido o tempo de arte dos capítulos deixou a novela menos interessante. As ações têm demorado mais a acontecer, mas a trama anda de maneira harmônica. Além da Ilusão é uma novela clássica, mas muito madura e bem realizada. A nova fase mostra fôlego.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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