Crítica de TV

Documentário sobre Domingão com Huck é um relato corajoso da Globo

Emissora revela os bastidores conturbados de seu programa dominical

Publicado em 07/03/2022

Definitivamente, a Globo que parecia imponente e varria suas falhas para debaixo do tapete não existe mais. A emissora vem trabalhando, nos últimos anos, para modificar esta imagem “intocável” para se aproximar do público e se mostrar “gente como a gente”. E o documentário Domingão com Huck: A História da História, lançado no Globoplay, é uma boa prova desta “nova” Globo.

O documentário, dirigido por Guilherme Melles e Michel Coeli, mostra Luciano Huck sob duas óticas: o agente político e possível candidato à presidência da República, e o artista de TV que se prepara para assumir o espaço mais nobre que um animador de auditório pode alcançar, que é a noite de domingo. Estas duas personas se entrelaçam quando Luciano se afasta da possibilidade de concorrer à presidência para assinar seu novo contrato com a Globo e assumir o Domingão.

Deixando de lado o olhar político e analisando mais a fundo o A História da História no que se refere aos bastidores da TV, o documentário se mostra como um relato de coragem da Globo. Isso porque, no filme, ela assume todas as falhas que envolveram a concepção e a estreia do Domingão. A emissora se despe da vaidade habitual para mostrar os bastidores nos quais cabe até discussão entre Luciano Huck e seu diretor, Hélio Vargas.

O mais interessante é ver como o filme assume, sem filtros, o fato de o Domingão com Huck ter estreado de maneira abrupta, quase improvisado. E o quanto esta situação é enxergada de maneira diferente por Luciano Huck e por Hélio Vargas. Enquanto Huck defende uma estreia, Vargas prefere chamar a primeira missão aos domingos da equipe de “tampão”.

Além disso, o documentário também mostra a análise da concorrência feita pela equipe do Domingão, a maneira como os quadros foram encaixados e toda a correria que se deu a partir da antecipação da estreia. A princípio, Domingão com Huck estrearia em janeiro de 2022. Mas entrou no ar em setembro de 2021, após a saída atribulada de Fausto Silva do ar.

Outra passagem interessante é o registro dos bastidores tensos do dia da estreia. Afinal, parece que tudo o que tinha que dar errado deu naquele dia. Domingão estrearia após o jogo do Brasil, que não aconteceu, e teve um VT colocado no ar errado. Toda a repercussão negativa da estreia na imprensa e nas redes sociais foi mostrada sem pudores.

Claro, a Globo não ia fazer um documentário para detonar seu principal programa de entretenimento. Assim, ao mesmo tempo em que A História da História joga luz às falhas, ele também revela o otimismo da equipe, os ajustes dos domingos seguintes e os dados positivos de audiência e repercussão que vieram a seguir. Ou seja, é uma narrativa básica: há um conflito, um clímax e um final feliz.

Ainda assim, é interessante quando a Globo mostra seus bastidores sem o verniz do Vídeo Show. Domingão com Huck: A História da História é um registro válido do nascimento de um programa que, para o bem ou para o mal, tem sim uma boa história a ser contada.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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