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Deborah Secco faz um balanço de sua carreira: “Quero fazer isso até ficar velhinha”

A artista revela o desejo de seguir em frente com a carreira que escolheu exercer

Publicado em 12/03/2021

Deborah Secco, uma das atrizes mais amadas e versáteis da nossa dramaturgia, conversou com a coluna. A estrela falou de sua carreira artística e do retorno de Salve-se Quem Puder, onde interpreta Alexia/Josimara, uma das protagonistas da trama de Daniel Ortiz.

Tudo que eu fiz, fez com que eu me tornasse a mulher que eu sou hoje. Hoje, faria diferente diversas coisas na minha vida, porque graças a Deus eu amadureci, aprendi com as lições que a vida me deu. Mas não me arrependo de nada, porque senão eu não chegaria no lugar que eu estou hoje, e ele é maravilhoso e não abro mão dele”, pontua a intérprete de Alexia, que volta ao ar no dia 22 de março. Confira o papo com essa atriz incrível:

ANDRÉ ROMANO – Você tem uma carreira exitosa, o que falta artisticamente?

DEBORAH SECCO – Não tenho muitas ambições diferentes de atuar. Eu escrevo as minhas coisas, talvez escreva uma peça, estou pensando nisso, mas amo atuar. Meu barato é dar a vida as mulheres diferentes de mim. Poder me transformar nessas mulheres, conhecer mulheres diferentes de mim. Quero fazer isso até ficar velhinha igual a dona Fernanda Montenegro.

AR – Como foi contracenar com a sua filha, Maria Flor, em Salve-se Quem Puder?

DS – Mas eu vou falar da cena que, para mim, será inesquecível, por toda a minha vida, que foi a cena que eu fiz com a minha filha, Maria Flor.Esta, sem dúvida, foi o momento mais marcante, inesquecível e que vai me acompanhar para todo o sempre. E tenho certeza que vai acompanhar também a vidinha dela também. Sou muito grata ao Daniel (Ortiz, autor) por essa oportunidade.

AR – Tem alguma personagem que você sonha?

DS – “Difícil, eu fiz todos os personagens que eu sonhava. Mas agora eu fico assim, ‘faço uma comédia, agora quero fazer um drama’, quando estou na mocinha, quero fazer uma vilã, quando faço uma vilã, quero depois uma mocinha. Claro que ainda devem ter personagens que vou fazer e que vão ser inesquecíveis, mas ainda não as conheço. Eu fico sempre buscando personagens que me motivem, que me excitem.

AR – Qual foi o maior ensinamento que guardou para você desse universo?

DS – “Uma frase que eu aprendi quando fiz Bruna Surfistinha. Uma garota de programa falou pra mim, ‘Débora, a gente não é como a gente quer ser, a gente é como a gente consegue ser’. Essa foi uma grande lição. A gente tem muito julgamento alheio. ‘A fulana tá gorda, tá magra, tá bonita, tá com homem bom, tá com homem ruim’. Tá todo mundo tentando ser o melhor que pode. Todo mundo dando o seu melhor, e nem sempre o nosso melhor é o que a gente quer. Acho que a gente tem que ter mais compaixão com o melhor das pessoas. E aceitar que temos defeitos, tivemos uma cabeça diferente da que temos hoje, que já fizemos coisas que não faríamos hoje, que graças a Deus a gente aprende, evolui. Tá todo mundo fazendo o seu melhor.”

AR – Você se arrepende de algo?

DS – “De nada, porque tudo que eu fiz, fez com que eu me tornasse a mulher que eu sou hoje. Hoje, faria diferente diversas coisas na minha vida, porque graças a Deus eu amadureci, aprendi com as lições que a vida me deu, mas não me arrependo de nada, porque senão eu não chegaria no lugar que eu estou hoje, e ele é maravilhoso e não abro mão dele.”

AR – Do que você se orgulha?

DS – “Me orgulho muito de ter construído uma história profissional em cima de muito trabalho, dedicação, profissionalismo, muita entrega. De ter construído a minha família da forma como ela é, eu acho que tenho um relacionamento que nem nos meus melhores sonhos eu poderia ter. Tenho um parceiro, um companheiro, um cara que me admira como eu sou, com meus erros e acertos, qualidade e defeitos. O meu maior acerto é a minha filha, que veio pronta, veio me dando aula. Outro dia eu falei ‘filha, você é a mais linda’. Ela, ‘não, mamãe, todas são lindas iguais’. ‘É isso, filha, você está certa’. Eu acho que me orgulho de muita coisa, minha vida é muito boa, eu sou muito grata, privilegiada. Numa época da minha vida, eu achei que pudesse me ferrar numa parte. Mas graças a Deus na hora certa tudo se encaixou e veio a pessoa certa e eu consegui ter a família que eu sempre esperei.”

AR – Você começou muito pequena na TV e o público te ama. Você acha que as pessoas te respeitam muito por você ser acessível e de verdade?

DS – “Acho que tem vários motivos. Eu pago um preço alto por ser de verdade, mas essa sou eu. Às vezes as pessoas brigam comigo, dizem que eu tenho que falar menos, mas essa sou eu. Eu amo ser assim, eu sou assim, transparente, e não sou perfeita mesmo. E não tenho vergonha disso, sou humana, erro pra caramba, mas também aprendo, ouço os outros, estou aqui para trocar. Mas também acredito que tem gente que não é assim, que também o público gosta. O público tem uma relação comigo porque estamos aí há muito tempo, todo mundo meio que me viu crescer. Tem um carinho de acompanhar uma vida. Acho que esse é o motivo desse carinho todo, e também a parte do sincericídio.

AR – Como é a sua relação com o trabalho?

DS – “Amo trabalhar, amo vir para o Projac. Eu fico nervosa como se fosse a minha primeira novela. Eu amo atuar e falo que se eu não atuasse, seria esquizofrênica. A minha vida é ficar falando sozinha. Quando não estou gravando, fico falando textos de novelas que eu já fiz. Sou bem louca. Atuar é o que me acalma. Hugo diz que eu sou uma pessoa melhor trabalhando. Eu amo trabalhar e quando trabalho fico tão completa.”

AR – O artista costuma ter muita vaidade. Como você consegue se distanciar disso?

DS – “Acho que cada vez mais a gente está tentando acabar com essa coisa competitiva, fazer uma coisa mais empática, onde todo mundo torce por todo mundo, enxerga no outro as dificuldades e os merecimentos. Eu faço parte dessa corrente. Eu sou uma pessoa que torço pelas pessoas como torço por mim. E acredito que quanto mais for assim, mais o mundo cresce. Torcer contra alguém só te faz mal, e eu quero me fazer muito bem. Mas fico feliz com essa corrente empática que ultimamente, nós artistas, estamos pregando, outras pessoas também. A gente aceitar as pessoas como elas são, torcer pelas pessoas. Não ter competição entre as mulheres. A vida é tão difícil, melhor a gente se unir, se amar, se jogar junto.”

AR – Como é para fazer criar uma menina nesse universo que continua sendo muito machista?

DS- “Eu tenho que virar feminista ativa. A gente tem que salvar o mundo por essa criança. É claro que vou errar muito, mas estou aí com toda a humildade do mundo para conversar com pessoas que sabem mais do que eu sobre o assunto. Cada vez ser melhor e criar um mundo melhor para a minha filha.”

AR – Você gosta de fazer novela mesmo. Sempre defendeu.

DS – “Eu amo. Eu acho novela um grande desafio. Você tem que se vencer, vencer a falta de tempo, vencer a falta de possibilidades, de preparação, condições, a gente faz um milagre. A gente grava 20, 30 cenas por dia, coisa que não se faz em nenhum lugar no mundo. Então isso pra mim é muito desafiador. Mas também gosto muito de fazer filme, fui muito feliz fazendo Bruna Surfistinha, Boa Sorte, sou muito feliz fazendo teatro também. Acho que atuar é isso, estar disponível para qualquer veículo.”

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