Eriberto Leão finalmente ganhou um papel que faz jus ao seu talento

Publicado em 20/12/2017

Ayrton Senna, que foi um dos maiores ídolos que o Brasil já teve, disse em uma entrevista o seguinte pensamento: “No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz”, por isso, foi o grande astro do automobilismo que o Brasil já teve. Foi único; e acho muito difícil surgir outro igual.

A citação desse grande brasileiro que encantava uma nação com sua perseverança e determinação, durante as corridas de F1, de domingo, cai feito uma luva em relação ao personagem principal dessa resenha, que trata-se do multifacetado Eriberto Leão, que está arrebatando um país com sua comovente atuação em ‘O Outro Lado do Paraíso’, no papel do gay enrustido Samuel. Diferente de tudo que a gente já viu em relação aos gays na dramaturgia, o personagem em questão, vive em um mundo de mentiras, e, que a cada capítulo, se enrola cada vez mais. Um personagem difícil de ser feito, pois se o texto não for consistente, e, a atuação verdadeira, tem tudo para cair na caricatura. No caso desse personagem, não caiu na caricatura, e, sim, nas graças do público. E sem dúvida nenhuma, mérito de Eriberto Leão, um profissional dedicado, que se esforça ao máximo, e tem um enorme respeito pelo seu ofício. Como dizia Senna, com essas virtudes, é quase nulo se deparar com o fracasso.

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Poucos atores dessa geração têm o poder de falar com os olhos, e, no caso de Eriberto, é impressionante como o telespectador percebe uma angústia em sua retina, quando ele está dando vida ao psiquiatra gay. Angústia essa, que realmente acontece com milhares de pessoas que não aceitam a sua orientação sexual, e acabam vivendo em um mundo de mentiras, e, sendo eternamente infelizes. Além de ser um ator brilhante, Eriberto sabe que está representado e falando para milhares de pessoas que estão passando por dramas parecidos com o de seu personagem, e, se a sua atuação não for verdadeira, não toca diretamente o coração do telespectador. O tema está sensibilizando milhares de pessoas que estão repensando os seus valores: ‘ele (personagem) vai dar a volta por cima; eu também posso’. E nesse meio termo, uma vida é salva. Sim, uma vida. Segundo pesquisas direcionadas ao suicídio, diz que 1.000 jovens gays, cometem suicido por ano no Brasil. E, um dos motivos é a falta de aceitação própria. E ter esse assunto retratado na TV aberta, no horário nobre, e, sendo representado por um ator que tem respeito ao seu público e à profissão que exerce, é um avanço imensurável.

O nosso Joaquin Phoenix

A desenvoltura de Eriberto em ‘O Outro Lado do Paraíso’, nos faz lembrar do grande Joaquin Phoenix, no tocante ‘Ela’, no qual interpretava um homem solitário, que acabava se apaixonado pela voz do sistema operacional de informática. Durante toda a película, Joaquin interpreta com a alma e com o olhar, algo que acontece igual com Eriberto nessa novela. Os dois se parecem em suas intensidades artísticas. Pois bem…A trama de Walcyr Carrasco ainda está no início, mas de uma coisa eu tenho absoluta certeza, Eriberto sairá modificado após esse personagem, sem dúvida nenhuma. Aliás, não só ele, e, sim, todo público que tem a oportunidade de admirar cada vez mais o seu trabalho. A gente tem muita sorte de ser contemporâneo desse cara brilhante.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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